quarta-feira, 16 de maio de 2012

Editorial: Pode uma Câmara não apoiar o desporto?

A atual situação económica do país e da Europa pode levar a que as autarquias deixem de poder apoiar o desporto! A câmara de Viana do Castelo é uma delas e foi pela voz do vice presidente da edilidade e responsável pelo pelouro do Desporto, Vítor Lemos, que tal fiquei a saber, no jantar de aniversário da Escola Desportiva de Viana. Entre várias justificações, o autarca nota que “O país segue um caminho que põe em causa o movimento associativo e onde a câmara teme ter de fechar equipamentos”.

Vítor Lemos gostava que a Câmara continuasse a ser parceira das diversas associações culturais e desportivas mas teme que tal não possa continuar acontecer. “Se nos continuarem a cortar apoios vamos ficar paralisados”. Foram frases fortes, num ambiente que não estava preparado para as ouvir. 200 pessoas estavam reunidas para festejar um aniversário e foi como se o “padrinho” da criança informasse que as prendas iriam acabar. Vítor Lemos terminou desafiando os presentes. “Vamos ter de nos reinventar para encontrar rumo de subsistência” pois teme “não poder apoiar mais”. 

Esta situação coloca diversos problemas e questões. A grande maioria dos clubes e associações é subsídio-dependente. A carolice de inúmeros dirigentes e amantes de desporto tem encoberto as dificuldades que tem aumentado, até porque, nos últimos anos, a Câmara de Viana já tem vindo a fechar a torneira aos clubes. Os subsídios que atribui, na sua generalidade, acabam por voltar à casa partida pois correspondem ao valor pago pelos clubes pelo aluguer das infra estruturas camarárias. Os clubes precisam de novas formas de financiamento que não existem. 

Nestes tempos difíceis as atenções costumam centrar-se no apoio social. Não critico tal política mas é impensável que o apoio ao desporto e cultura seja visto como dispensável, numa escala de valorização daquilo que mais importa apoiar. O desporto faz bem. Estudos apontam que apostar no desporto diminui despesas em saúde e segurança. Privar as crianças e jovens da prática desportiva é potenciar maiores dificuldades a longo prazo para a sociedade. 

A principal dificuldade dos clubes passa pela escassez de infra estruturas. Se a câmara não tem dinheiro para as manter, talvez seja altura de as ceder aos clubes. As pessoas que diariamente trabalham em prol das crianças e jovens vianense tem dados provas que sabem dar a volta e inventar formas de subsistência. Se uma câmara pode concessionar um edifício em zona nobre da cidade a privados, por 30 anos e com isenção de pagamento nos primeiros dez, os clubes merecem muito mais que isso! 

Boa semana desportiva
José Domingos Ribeiro

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